sábado, 31 de dezembro de 2011

TREM DA MORTE - BOLÍVIA (DIA 58)

E finalmente chegou a dia de conhecermos o tão falado Trem da Morte. Arrumamos nossas coisas e partimos em direção à estação ferroviária da cidade. O rapaz que tinha vendido a passagem para a gente disse que o trem vinha de Puerto Quijarro e que passaria em San José de Chiquitos por volta das 23:00, mas que, por garantia, seria melhor que nós chegássemos na estação às 22:30. Como somos prevenidas, chegamos lá por volta das 21:30.

Sentamos naqueles mesmos bancos nos quais tínhamos dormido quando chegamos na cidade e ficamos assistindo, ali mesmo na estação ferroviária, a uma partida de futebol (que parecia importante! rs) com todos os chiquitanos que não tinham televisão em casa. rs Gente, vocês não tem noção do que é uma narração de futebol em espanhol! Não dá para entender absolutamente nadaaaaaa!!! Ahhaahahaha!!! Não conseguíamos nem saber quais eram os nomes dos times que jogavam!! rs

Na hora do intervalo, vem um cara que senta do lado da Monique e começa a puxar papo. Sabe o que ele queria? Saber se a Monique usava peruca!!! Ahahahahahahaha!!! A Monique, revoltada, diz que aquilo não é peruca coisa nenhuma, é seu cabelo natural! Pois é, gente, como na Bolívia praticamente 100% das pessoas tem cabelo lisinho, a Monique virou novidade por aqui! rs

O cara, satisfeito com a resposta foi embora, e uma menina, que estava sentada atrás da gente com a sua irmã e a sua avó, começou a puxar conversa também. Todas eram muito legais, nos disseram os nomes dos times que estavam jogando e morreram de rir da Monique tentando falar umas coisas em espanhol: tudo errado!!! rs Até que enfim, para uma nova revolta da minha amiga, a menina pergunta:

- Eso es peluca?

Ahahahahhahahaa!!! Mais uma, gente!!! A Monique virou para mim e disse “Pô, Rachel, tá todo mundo achando que eu uso peruca!! Que droga!!” e sem hesitar, respondeu à menina:

- No!!! No!!! No!!! Eso no es peluca!!! Es natural!!! Como de Ronaldinho!!!

Ahahahahahaha!!! Mais engraçado do que todo mundo perguntando se o cabelo dela era peruca, foi a Monique dizendo que tinha o cabelo igual ao do Ronaldinho!!! Ahahahahhaaa!!! Todas morremos de rir!

Até aí tudo bem. Só historinha leve, né? rs O hilário aconteceu um pouco depois, quando começamos a reparar que uma galera enorme estava pulando nos trilhos e entrando num vagão solto que estava parado por ali. Isso era por volta das 23:00. Achamos aquilo muito estranho. Pensamos que eram pessoas procurando abrigo para passar a noite por causa do frio. Mas aí começamos a notar que havia gente entrando lá com vááárias bagagens!!! rs Pulavam no trilho do trem, o cruzavam e entravam no vagão com mala e cuia!!! rs Tínhamos comprado nossas passagens no dia anterior, por 23 bolivianos cada (cerca de 6,50 reais), mas ninguém tinha nos avisado nada sobre a forma de embarque! rs


Falei então brincando com a Monique que aquele devia ser o nosso trem e pedi para ela ir tentar descobrir do que se tratava aquilo enquanto eu ficava com as nossas mochilas. Uns cinco minutos depois, ela volta morrendo de rir e eu já entendo logo de cara: AQUELE ALI ERA REALMENTE O NOSSO TREM!!! Estava escrito com todas as letras: PRIMERA CLASE B-105. Exatamente o nosso!!! rs


Ainda sem acreditar que a gente teria que entrar naquele vagão solto, fui perguntar para o guardinha que estava lá. Ele confirmou, disse que era aquele trem sim. Perguntei se a gente já podia entrar e ele me olhou com uma cara estranha do tipo "Óbvio, tá esperando o quê?". Disse que a gente podia entrar!!! rs Começamos a chorar de tanto de rir, mas entramos no clima, pulamos nos trilhos e nos mandamos para dentro do vagão!! rs

Entrando lá, milhaaaaaaares de crianças deitadas pelo chão, bagagens de todos os tipos por todos os lados, a maior movimentação!! A cada passo, tínhamos que tomar cuidado para não esmagar nenhuma criança, nem sermos esmagadas por uma caixa que poderia cair nas nossas cabeças. Fomos nos espremendo com as nossas mochilas até chegarmos nos nossos assentos (sim os assentos são marcados!) e como somos muito sortudas, ficamos bem com o único assento quebrado de todo o trem!!!! Ahahahaha!!! E fomos as únicas que tivemos que ficar de costas porque nosso assento, além de quebrado, também não virava para a frente!!! rs

Ali permanecemos até 01:00, quando finalmente chegou o trem e o nosso vagão foi engatado!

Em resumo, viajamos 7 horas num banco que não inclinava (pelo menos não eram duros como os de metrô!), quebrado, de costas, com a janela entreaberta (porque ela também estava quebrada e não fechada completamente), num super frio, com todo tipo de sons que algumas dezenas de crianças são capazes de fazer juntas, com o maior cheiro de pollo, num trem que chegou em San José de Chiquitos com 2 horas de atraso!!! E ainda ficamos tristes por não termos visto nenhum pollo vivo dentro do trem... rs

Pois é, mas valeu demais a experiência!!! Nunca nos esqueceremos dessa viagem!!! rs



SAN JOSE DOS CHIQUITOS - BOLÍVIA (DIAS 56, 57 E 58)

Chegamos à estação ferroviária de San José de Chiquitos às 2h da manhã como previsto. A estação é pequena, mas bem movimentada. Tinha gente nos banquinhos esperando trem, gente assistindo filme na televisão da estação, gente dormindo nos bancos... Tinha até gente cantando música do grupo Raça Negra  no Karaokê que fica na frente da Estação. rs



















Ou seja, já que era madrugada e não íamos sair numa cidade desconhecida para procurar hotel àquela hora, o jeito era esperar amanhecer ali mesmo. Eu até tentei não dormir, mas acabei me unindo aos pobres mortais nos bancos e tirei bons cochilos!  A Rachel não só se uniu a eles, como se esparramou no banco como se fosse a cama da casa dela, roncando e babando a vontade! rsrs

Quando amanheceu fomos em busca de hotéis. Encontramos o hotel Victoria, que fica bem próximo às Reduções Jesuíticas e a praça principal. Custou apenas Bs60 para as duas, com banheiro compartilhado.


Depois de uma boa dormida numa caminha quente, saímos para comer alguma coisa. Nosso desayuno (café da manhã) foi empanada de frango com batata, um salgado parecendo uma almôndega amassada e chicha de maní. Tudo a preço bem popular. O copão de chicha de maní nos custou Bs1,50 e as empanadas, Bs 2,50. O salgado de que falei, até perguntamos o nome, mas não entendemos muito bem. rs Chicha de maní é refresco de amendoim. Nunca havíamos pensado na vida em provar um refresco feito de água com amendoim!!!! rs Mas descobrimos que aqui na Bolívia, em muitas barraquinhas, ele é item clássico e muito apreciado. É difícil descrever sabor e gosto é indiscutível. Então só estando aqui e provando para saber.

 

O vendedor das empanadas era muy amable! rs Rachel que achou o jeito dele muito parecido com o tio Né, não resistiu e teve que registrá-lo em nossa viagem.


Estou invadindo o post da Monique aqui só para registrar o quanto ela me encheu o saco por causa de leite com achocolatado! Gente, ainda bem que Deus me deu muita paciência! rs Todo dia eu tinha que olhar para a cara emburrada da Monique, que não queria comer empanadas com gaseosas no café da manhã! Ela não gosta de maní, não gosta de plátano, não gosta de gelatina, não gosta de pollo, não gosta de nada!!! SÓ DESSA DROGA DE LEITE COM ACHOCOLATADO!!! E depois a fresca sou eu!!! rs Tá, tudo bem, eu também gosto de leite com achocolatado, mas ali tínhamos que viver o que as pessoas dali viviam, né? Enfim, depois de um tempo ela se conformou e se acostumou com a situação, mas, é claro, não deixou de me convencer a comprar leite e toddy na vendinha para tomarmos LEITE COM ACHOCOLATADO em casa! Improvisamos os copos e as colheres e, enfim, fizemos a criança sorrir!!! Pronto! Desabafei! Agora a Monique continua contando aqui...


Nesses dias que passamos em San José, passeamos pela cidade, e o que vimos era muito simples e pobre! A parte que gostamos mais foi a praça principal, que é linda! Ali fica o conjunto missional de San Jose, que de tão bonito, dá um toque ainda mais especial à praça.

 



Esta cidade faz parte do circuito de cidades da Bolívia que ainda preservam algumas das construções dos tempos das Missões Jesuíticas. Nesse conjunto missional existe um museu, chamado Espacio Cultural de Chiquitos, que conta a história da cidade e a influência dos Jesuítas por lá.

 
A cultura Chiquitana é nova, do século XVII, e está formada por elementos indígenas de diferentes origens e por alguns elementos cristãos. E ainda que o trabalho dos jesuítas tenha iniciado profundas mudanças nos indígenas da região, percebe-se que ele nunca chegou a eliminar completamente o pensamento indígena e o seu conceito de vida.


Os chiquitanos continuam praticando os ritos católicos, assim como faziam seus antepassados nos tempos das reduções. E isso não exclui seu modo de pensar e sentir indígena: muitos símbolos e cerimônias permanecem sendo interpretados com expressões e conteúdos próprios.


O museu fica aberto de terça a domingo, de 9:30h às 12h e das 15h às 18h. A entrada no museu custa Bs20 para estrangeiros, mas as quartas-feiras a entrada é gratuita.


 

A igreja principal faz parte do conjunto. E aproveitamos a vida pacata na cidade para assistir uma missa em espanhol. Nem precisamos dizer que não entendemos quase nada...rs Afinal, como se já não bastasse no compreender casi nada de esa lengua, o padre ainda era um velhinho muito fofo, mas que falava tudo enrolado! rs Mas não importa. O que vale é a oração! E essa foi de coração!


Na praça se encontram alguns restaurantes, sempre simples e baratos. Não contem com restaurantes voltados para turismo. Não espere encontrar um “Fetuccine a carbonara”, que não vai encontrar. Nem ache que vai se salvar com hambúrguer e batata frita! O negócio aqui é comer empanada de pollo e bife a milanesa. rs


Num dos nossos almoços conhecemos o Joseph. Um senhor de 82 anos, muito simpático e bem humorado, adorador das mulheres, viajado e o mais importante, sem nenhuma ruga! rs Ele realmente não aparentava a idade que tem. E quando nos dissemos isso, ele nos contou qual era o segredo da juventude! Infelizmente, ele nos pediu segredo. Não podemos contar a vocês. rs Batemos bons papos com ele, que nos contou algumas das suas aventuras pelo mundo e sobre seus filhos, um em cada país. rs Demos boas risadas com ele! Ah!! E ele elogiou o nosso espanhol, dizendo que falávamos muito bem! hauhauha A Rachel tudo bem, falava bastante. Agora eu só dizia “si”, “gracías”... rs


Falando em comida, quem vier para cá, prepare-se! Porque comer aqui é sempre uma surpresa! rs  Pedindo um prato de arroz, bife a milanesa e salada, nada impede que nele venha uma banana frita! rs E numa taça de sorvete de chocolate? Até gelatina veio! A Kel adorou as surpresas! Já eu, que não gosto nem de banana e nem de gelatina, me dei mal, né? rs

 

Outro fato engraçado aconteceu no correio. Fomos enviar postais do Pantanal para meu irmão e para a avó da Kel. Entregamos os postais para a funcionária e ela nos disse, de primeira, “Ok!”. Aí perguntei para ela se podíamos escolher os selos, já que ela nem se prontificou a colocá-los. Ela nos mostrou alguns, escolhemos e ficamos esperando ela colá-los. A funcionária pegou o selo, deu uma baita lambida nele, e colou no postal! hahahaha Que coisa do outro século! rsrs Saímos de lá morrendo de medo dos cartões não chegarem nunca. Que, por sinal, ainda não chegaram. rs  

 

Ali tivemos o primeiro contato com os Menonitas, comunidade de descendentes de origem germânica que vive por ali e na região de Santa Cruz de La Sierra. Eles usam roupas características e não tem como não notá-los em meio aos outros bolivianos.


Nossa passagem por San Jose foi bem legal. Ali pudemos conhecer um pouco da cultura boliviana, que em cidades grandes com certeza não encontraríamos ou passaria despercebido por nós, como a chicha de Maní, de uma barraquinha montada na praça e servida na cuia. Para quem assiste Chaves, é igual ao modo de servir o refresco de tamarindo. rs Não assistiríamos um jogo pouco conhecido de nós brasileiros, que é como uma pelota basca com raquete, que percebemos ser popular no país. E nem presenciaríamos a brincadeira do jovem padre com as crianças, nas ruas da cidade.


Compramos nossa passagem do trem da morte, enfim! Íamos na terça, mas só encontramos passagem para quarta-feira. Fica a dica para quem for pegar o trem em San Jose de Chiquitos: compre a passagem com antecedência, pois, dependendo da época, podem acabar bem rápido.


Agora, preparem-se para entender o que é o trem de morte! No próximo post. rs

Besitos!! 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PUERTO QUIJARRO – BOLÍVIA (DIA 55)

Depois de uma noite bem dormida, fomos conhecer a cidade. Puerto Quijarro é bem quente e, pelo menos a parte que conhecemos, não é bonita.


Ali mesmo nos deparamos com a imensa pobreza, tão falada da Bolívia. A cidade é muito pobre. Com ruas de terra (mesmo as asfaltadas ficam cheias de terra), casinhas muito simples, comércio tão simplório quanto o restante da cidade. Um monte de crianças pelas ruas, com ou sem suas mães, pedindo moedas e comida. Dói o coração. E elas são lindas! Nunca vi crianças tão lindas quanto as bolivianas! Tão triste ver aquilo!


Pesquisando sobre a Bolívia ficamos sabendo que a população é formada por indígenas, europeus e mestiços, basicamente. Quase dois terços da população é indígena, de dois grupos diferentes e com línguas distintas: o Quéchua e o Aimara. Os indígenas do grupo Quéchua podem ser encontrados por todo o país. E os do grupo Aimara se encontram na região de La Paz. Os mestiços são os filhos de espanhóis e índios, e constituem boa parte da classe média boliviana. E os europeus são os descendentes dos espanhóis.

Apesar dos indígenas formarem a maior parte da população, e seus idiomas serem oficiais no país, formam a classe pobre e discriminada da Bolívia. Enquanto os descendentes de espanhóis formam a classe rica.

Existem também minorias formadas por descendentes de imigrantes asiáticos e escravos africanos. E os menonitas, comunidade de descendência germânica, protestante, que usa trajes peculiares. Vivem nos arrredores de Santa Cruz de La Sierra.

Em Puerto Quijarro, o que mais víamos eram pessoas com características indígenas. E muito pobres!

Procuramos algum lugar para tomar café da manhã, já que domingo o restaurante do hotel não funciona. Eu, como sempre looouca de fome!

Já haviam nos dito que na Bolívia tudo é pollo (frango) e papas (batatas). Mas eu estava esperançosa em achar meu leite com toddy, pãozinho... rs Doce ilusão! Percorremos parte da cidade e só o que achamos foram barraquinhas na rua, com algumas mesinhas, vendendo empanadas (também chamadas salteñas) de pollo com papas! É como um pastel de forno, com uma massa meio docinha, bem gostoso. E para beber, uns líquidos que nos pareceram esquisitos e gaseosas (refrigerantes). Foi o que tivemos que comer. Empanadas e gaseosas!


Começou a minha “experiência contra frescura alimentar”! Eu já havia vencido a do banho frio. (Uhuuul!) Agora teria que aprender a ficar feliz com qualquer comida e me desvencilhar do leite de todo dia.


Ah!! Não esperem uma higiene impecável nos lugares onde vão comer por aqui. Ou você não come. Sente-se numa cadeirinha na calçada e faça parte da cultura. Aquela ali não é nem a alimentação matinal tradicional. Vimos cafés da manhã que eram verdadeiros pratos de comida!

E outra coisa, dizem que “marmitex” aqui na Bolívia é o prato de comida virado num saco plástico. E a gente viu uns caras passando com sacos cheios de comida, tudo misturado. Huum, que “delícia”! rs

Bom, era o dia de pegar o trem. Esse trem sai de Puerto Quijarro e vai até Santa Cruz de La Sierra, uma das maiores cidades da Bolívia. Essa viagem é muito conhecida por percorrer um trajeto longo, passando por inúmeras cidadezinhas. Existem algumas categorias de trens com classes diferentes.


O Ferrobus, da classe cama ou semicama, é o mais caro e o mais confortável. Possui televisão, ar condicionado, bancos bem reclináveis, refeição mais sofisticada. O Expresso Oriental, com classe Súper Pullman, é o segundo melhor. Com cadeiras reclináveis, ar condicionado, televisão e uma refeição tradicional. E existe o trem Regional, com as classes Pullman e Primera.


Não se deixem enganar com o nome! rs Essa Primera classe é o famoso trem da morte. Para quem quiser saber os horários, preços e dias certos das saídas de trens, o quadro abaixo tem todas as informações. E existe o site da Ferroviaria Oriental : www.fo.com.bo


O trem da morte é o mais antigo. É conhecido assim porque é o mais barato, sem conforto, sem ar condicionado. Dizem que é o trem em que as pessoas costumam levar galinhas e outros animais vivos. É o trem que vai o povão. E o que demora mais a chegar em Santa Cruz, pois vai parando em todas as cidades. Sai às 11h de Puerto Quijarro e chega em Santa Cruz às 6:38h do dia seguinte! Imaginem a aventura!!!!hahaha


Era esse o trem que queríamos tomar! Mas infelizmente, domingo só havia o Expresso Oriental, classe Súper Pullman, com saída às 16h.


Decidimos que iríamos até San José de Chiquitos, uma cidadezinha conhecida por suas construções ainda bem conservadas deixadas pelas missões jesuíticas. Dessa forma podíamos conhecer outra cidade turística da Bolívia e pegar o trem da morte depois, indo para Santa Cruz.

A passagem até San José custou Bs108 e o trem chega na cidade às 2h da manhã do outro dia.

Pegamos um táxi próximo ao hotel até a estação ferroviária por Bs5 cada uma. A bilheteria só começa a vender as passagens às 14h no domingo. Então, fomos almoçar.

O único restaurante encontrado, numa rua bem próxima a estação, só servia prato feito. Na verdade, não era bem um restaurante... rs Era um galpão, com mesas na calçada. E o preço do almoço é excelente! Dividimos um prato que nos custou Bs 12.

Voltamos para a estação e ficamos nos banquinhos aguardando a hora de comprar os bilhetes. Às duas em ponto, pudemos comprar nossas passagens e logo depois, às quatro da tarde, embarcamos no trem.


Nosso trem era ótimo! Ar condicionado, cadeiras reclináveis e TV. Além de ter um funcionário do trem que era uma simpatia! Toda hora vinha fazer uma piadinha e ainda colocou no DVD músicas brasileiras. O samba do Ronaldinho e Banda Djavú com o sucesso o “O que pensa que eu sou” foram os hits mais cotados da viagem!hauhauha  Sem contar que ouvimos milhares de músicas folclóricas de Santa Cruz de La Sierra! rs


Deu para assistir os filmes “Pânico na neve” e “O menino do pijama listrado” inteirinhos antes de começar a dormir.


Gente, mas temos que contar para vocês sobre a alimentação no trem. rs Esse que pegamos dá refeição. Pois bem, não espere que venha alguém te servir bonitinho, passando de assento a assento. Muito pelo contrário. Passa um cara uniformizado, com uma bandeja cheia de marmitas de plástico com arroz, frango assado e batata, gritando pelo corredor: “Pollo! Pollo! Pollo!”  haha Gente, dá vontade de gargalhar! O cara passa correndo praticamente gritando “frango! frango!” Se você quiser tem que gritar também: “O do pollo!!!! Pára aqui!!!!” hauhauha


Nos divertimos nessa viagem até San Jose de Chiquitos!




                                    

domingo, 25 de dezembro de 2011

CORUMBÁ E PUERTO QUIJARRO. BRASIL - BOLÍVIA (DIA 54)

Acabadas as aventuras no Pantanal, Élcio e Elias nos deixaram no Buraco das Piranhas. Lá pegamos o ônibus da Cruzeiro do Sul, custando R$20, até Corumbá.  Podíamos pegar o ônibus da Andorinha, que costuma passar às 15:30h ou o que pegamos, que passa às 16:15h. Para nossa sorte, o que passava mais cedo resolveu chegar junto com o que chegava tarde, que também se atrasou!  Passamos uma hora ali esperando o ônibus no meio da estrada, num calor que, sinceramente, não tenho forças para explicar só de lembrar a tortura que era! rs Sabe quando o sol torra você, com nenhuma nuvem para atrapalhar, e ainda tem aquela fumacinha subindo do asfalto? E vento? Não existia! rs

Chegamos em Corumbá e voltamos para o hotel (sim, aquele mesmo! rs). O dia já tinha rendido bastante. Fizemos nosso lanchinho “salvador dos pobres”, pão com mortadela e Grapette, e ficamos relaxando, relembrando as coisas boas pelas quais tínhamos passado.

Tem momentos que dá vontade de agradecer a Deus toda a hora o tanto de coisas boas que estão acontecendo com a gente! Estou tãããão feliz! Acredito que a Kel também! Por isso que pombo faz cocô na minha cabeça, acho moeda... Gente! Eu sou uma pessoa de muita sorte! rs Muito obrigada, Deus!!!!

Aaaahhh! Falando em sorte...rsrs Várias vezes no Pantanal disse à Kel “Nossa! A essa hora nós somos milionárias!” hahahaha Então, assim que chegamos a Corumbá, fomos ver o resultado da mega-sena. E adivinhem!!!!! A Mega acumulou!!!! hauhauhauahuahuaha Não entendi nada! Jurava que ia ganhar! 
Os números sorteados nem passaram perto dos nossos. Com ou sem interpretação da Rachel! hahaha Ainda tive que ouvir meu irmão brigando comigo porque gastou dinheiro jogando no bicho! hauhauhauhauha Ai, ai... rs

No dia seguinte madrugamos para pegar o ônibus Fronteira, na Praça da Independência, a praça principal de Corumbá. Tínhamos que atravessar cedo a fronteira para tomarmos o trem da morte ainda de manhã. Esse ônibus passa mais ou menos de meia em meia hora e custa R$2. Pegamos o carro lotado, pois fins de semana as pessoas imigram mais, além de ser fim de ano. Era um sábado. Chegamos a imigração brasileira às 9:30h (10:30 no horário de Brasília) e entramos na fila para pegar o visto.

Exatamente, visto! Na fronteira entre Brasil e Bolívia é necessário que sua saída, sendo estrangeiro ou brasileiro, seja registrada. Não custa nada. Apenas esperar por 1 hora ou mais até ser atendido! rsrs

Acho que já dissemos anteriormente que Corumbá tem 1 hora a menos que Brasília. E a Bolívia, que está no mesmo fuso horário de Corumbá, não possui horário de verão. E, portanto, tem 2 horas a menos que Brasília.  

A imigração brasileira abre às 9h (10h de Brasília), fecha para almoço e reabre a tarde. É assim, pelo menos, em dezembro.  A imigração boliviana abre às 8h (horário boliviano, 10h de Brasília), também fecha para almoço e reabre à tarde. Ficamos sabendo que são poucos funcionários para atender e que, muitas vezes, eles saem de lá a hora que bem entendem e não voltam mais. Com fila ou sem fila. rs Então, para quem for passar essa fronteira, fique atento para não ser pego de surpresa. E atenção aos desavisados que planejam passar pelas imigrações no domingo: elas não funcionam aos domingos de tarde! Apenas pela manhã! Estejam atentos a isso!!!


Bom, depois de uma hora na fila no Brasil, atravessamos a fronteira! Êêêêê!!!! Fiquei tão feliiiz!!! Nunca tinha atravessado uma fronteira assim, caminhando. Como diz o nosso guia, entramos na Bolívia assim mesmo, como se fosse o quintal da sogra! rs


Agora o Brasil fica para trás. Conhecemos lugares incríveis, pessoas fantásticas, culturas diversas com um único idioma! Um mochilão pelo Brasil já rende muita coisa boa, viu? Mas agora é hora de "hablarmos"! A cada dia que passa da viagem, dá mais vontade de viajar!

Fica aqui o percurso que a gente fez até sair do Brasil:


Mais de 4 mil quilômetros percorridos!!!!

Chegamos a imigração boliviana e esperamos por mais uma hora e um pouco. É obrigatória a passagem pela imigração brasileira antes da boliviana. Você tem que mostrar o visto brasileiro para conseguir o visto boliviano e entrar no país. E nem adianta tentar passar direto, não enfrentar fila, e depois tentar pegar o trem. Não rola! A gente viu brasileiros sendo barrados, com passagem de trem comprada, porque não tinham o papel da imigração.


Depois da fila, fomos trocar reais por bolivianos. Logo após a fronteira, existem várias casas de câmbio. Conhecemos uns caminhoneiros brasileiros na fila que nos indicaram uma casa amarela (loja do gordo), que fica bem na entrada da Bolívia, do lado esquerdo. Trocamos ali por BS3,46 cada real. Não tivemos problemas com o dinheiro trocado ali. Há notas de 200, 100, 50, 20 e 10. E moedas de 5, 2, 1, 50 centavos e 20 centavos.


Dinheirinho no bolso, fomos em busca de um hotel. Trem da morte naquele dia já era! Chegamos à Bolívia às 9:30h do horário boliviano (11:30 do horário de Brasília), e só conseguimos regularizar nossa  entrada às 11h (13:00 do horário de Brasília). Como era sábado, não havia mais trens. E domingo só havia o de 16h, que não era o da morte (porque não havia a classe piorzona! rs). Teríamos que dormir ali, em Puerto Quijarro.


Nos hospedamos no hotel Vini, que fica logo na entrada da cidade, do lado esquerdo, um pouquinho depois da lojinha amarela onde trocamos dinheiro. O hotel tinha camas confortáveis, ar condicionado, frigobar, TV a cabo, banheiro privado, era todo limpinho e ainda ganhamos um chinelinho para passear pelo quarto! Aleluuuiaa! Estávamos necessitadas de um hotel assim! rs E tinha restaurante lá dentro, no segundo andar. E o melhor de tudo: Bs200 ou R$60 para nós duas!!!! Olha, que delícia!!!  Já estávamos adorando a Bolívia!!!rs

Pagamos em real mesmo.
   

 

Assistimos a HTV, canal de música na América do Sul, conhecemos um monte de canciones do momento. Assistimos Chapolin em espanhol!!! Aii que legal!!! Não entendi metade das piadas!haha Mas estávamos achando o máximo!


Nosso almoço, no restaurante do hotel, com comida conhecida dos brasileiros, não passou de Bs46, para nós duas. Isso em real equivale a R$13!!!! Tem noção? Muito barato!!!!

Demos uma andada rápida por perto do hotel e fomos descansar no ar condicionado! No dia seguinte o dia seria longo!