terça-feira, 31 de janeiro de 2012

UYUNI – BOLIVIA (DIA 80)

Queridos blogueiros! Vamos à Uyuni!

Uyuni é uma cidade bem turística. Aqui você encontra muito mais gringos do que nativos. Isso porque a cidade abriga o maior salar do mundo e é um dos principais pontos turísticos da Bolívia. Arrisco dizer que é o mais conhecido do país pelos estrangeiros.


Há muitos turistas que fazem um trajeto, que está super popular, contendo somente Machu Pichu, Salar de Uyuni e Deserto de Atacama.  Mas é para quem tem pouco tempo. Como nós temos tempo à vontade, resolvemos passar por aqui para fazer o tão famoso passeio e depois seguir para o Chile.

A cidade tem 20 mil habitantes aproximadamente e um clima super gostoso de cidadezinha pequena. Dá para percorrer toda a cidade e passar por uma mesma pessoa umas três vezes durante o dia! rs


Nós chegamos de madrugada na cidade, juntamente com um monte de outros turistas. E aí começou a corrida! rs Literalmente! As pessoas tinham que andar rápido ou até dar uma corridinha para chegar antes em um hotel e perguntar se havia vaga. Estava praticamente tuuudo lotado!!!!


Fomos nos afastando da estação e encontramos um com vaga. Só que por 50 dólares por pessoa!!!  Um assalto!!! rs Depois de sabermos o preço, voltamos para a maratona. Mais alguns hotéis com placas de “no hay vacantes!” ou “full” e encontramos o Joya Andina. Ele fica na Av. Cabrera, 443.  Ia custar Bs280, mas conseguimos um desconto e saiu Bs250 para duas pessoas. O hotel é muito bom. Os quartos são ótimos, água quente, TV a cabo, café da manhã e os atendentes simpáticos e solícitos. Conseguimos os dois últimos quartos livres.

Pela manhã, bem cedo, fomos a Av. Arce, onde fica grande parte das agências que fazem os passeios para o Salar. Rodamos procurando agência que tivesse o passeio de três dias e duas noites, mas todas só tinham para o dia seguinte. Estava tudo lotado.


Temporada é realmente uma época muito chata!! Tudo sempre está cheio e muito mais caro que o normal.

Pesquisamos na empresa “Thiago”, onde encontramos o Wagner, paulista que conhecemos lá no Chacaltaya. O passeio estava custando Bs900 e resolvemos ir em outra mais barata.

Já havíamos visto uma a Bs750, mas já estava lotada até para o dia seguinte. E aí fomos a Estrella Del sur, onde o passeio custava Bs800 por pessoa.

Já aqui nessa postagem, quero avisar que não recomendo a Estrella Del Sur! Vamos contar o porquê quando estivemos falando do passeio. Mas, desde então, fiquem avisados.

O passeio é feito num carro 4x4, em que você passa três dias e duas noites viajando. Conhece não só o Salar de Uyuni como muitos outros lugares fantásticos, daqueles que você acredita que está tendo uma miragem!!! rs É indescritível! Mas não posso contar ainda!rs

Vamos num grupo de seis pessoas e temos alojamento para dormir e alimentação incluídos.

Depois de nos certificarmos direitinho com a dona da empresa o que teríamos que levar, o que estaria incluído e o que não estaria, preenchemos uma ficha dizendo nome, de onde éramos, número de documento de identificação, e se éramos vegetarianos ou não. E ela nos deu um recibo. Teríamos que estar lá às 10h da manhã do dia seguinte, com todas nossas trouxinhas, pois pretendíamos fazer a travessia para o Chile, se fosse possível.

As pessoas têm essa possibilidade. Ou fazem o passeio e retornam a Uyuni ou atravessam a fronteira e vão para San Pedro de Atacama, no Chile. Só que a dona nos avisou que o Chile havia fechado sua fronteira devido às chuvas e porque estava nevando muito. Mas ela disse que no segundo dia a noite passaria um rádio para o motorista avisando se haviam aberto a fronteira ou não. Então nossa esperança estava viva!! Voltar a Uyuni para pegar um ônibus até Calama e lá pegar outro até San Pedro ia ser perda de tempo e de dinheiro.

Com tudo arranjado, fomos passear e conhecer a cidade.


A Avenida Potosí é a avenida das compras! Pelo menos naquela quinta-feira, havia uma feira extensa vendendo roupa, sapato, artesanato e um monte de coisas para os consumistas de plantão! Tem também um beco, que parece ser uma parte da Av. Arce, onde tem várias lojinhas de artesanato. A cidade estava cheia, uma movimentação só!


Entre a Av. Ferroviária e a Av. Potosí, em frente ao relógio da Av. Potosí, está a Plaza Arce. É o point da cidade. Com a rua cheia de restaurantes, bares e lojinhas de artesanato. Está sempre cheia de gente. 


A coisa mais fácil é ouvir alguém falando em português ali. rs

À noite fomos jantar numa pizzaria que, segundo o guia turístico do Ronald, tinha a melhor pizza de Uyuni. Ela fica no hotel Tonito, no final da Av.Ayacucho.


Chegando lá, sentamos para fazer o pedido. A primeira coisa que a Dona Nina viu foi o prato numa outra mesa vazia, com três enormes azeitonas pretas. Ela logo disse: “Oooolha, gente!! Que azeitonona carnuda, grandoona!! Ahhh, eu vou lá pegar! Como é que deixam aquilo na mesa?”. Então eu tive que ir fazer o pedido de aperitivos com azeitonas pretas e grandes! E nossa pizza e a cervejinha local, como sempre.



Depois de muito ouvir a Nina falando e babando nas azeitonas abandonadas da outra mesa, o nosso pedido chegou. Ela foi direto naquelas três únicas gigantes e carnudas azeitonas. E ao tentar tirá-la do prato, percebeu que todo o prato vinha junto. Então tentei tirar uma com o palito que estava nela e o palito quebrou!!! E nesse instante nós quatro começamos a rir! As azeitonas eram de porcelana, enfeites do prato que serviam de porta palitos!!!! hauhauahuahuahuha 

  
Agora imaginem o mico que seria ela indo para a outra mesa roubar as azeitonas de porcelana do prato! huahuahauha


Depois de muito gargalharmos, nos deliciamos com a pizza, que é realmente uma delícia! E a cervejinha e o vinho complementaram.




















E assim fomos dormir, pois os outros três dias seriam de muita agitação.

Beijinhos! 

TREM ORURO – UYUNI (DIA 79)


E assim chegou o dia de embarcarmos no trem com destino a Uyuni. A Monique não contou no outro post, mas eu vou contar nesse: ninguém queria pegar o trem, só eu! rs Sim, porque a cidade não aparentava ser muito bonita pelo que tínhamos visto até ali, ninguém queria esperar até o dia seguinte para ir de trem. Queriam todos tomar logo o ônibus rumo a Uyuni. Só que, poxa, eu não sabia quando teríamos outra oportunidade de passar por ali, talvez nem tivéssemos mais essa oportunidade e eu gostaria muito de conhecer a cidade melhor e o tal trem. Então fiz uma manha de leve, até que todos aceitassem! rs Só não contem isso para ninguém, ok? rs


Trens de Oruro para Uyuni só saem terças, quartas, sábados e domingos, sempre com Villazón (fronteira com a Argentina) como destino final. Os trens de quartas e sábados são da companhia Wara Wara, saem de Oruro às 19 horas e estão divididos em 3 categorias: Ejecutivo (Bs95 até Uyuni ou Bs205 até Villazón), Salón (Bs44 até Uyuni ou Bs94 até Villazón) e Popular (Bs32 até Uyuni ou Bs67 até Villazón).


Os de terças e domingos são da Expreso Del Sur, mais voltados a turistas devido ao horário, que permite apreciar a vista por mais tempo (saem de Oruro às 15:30 hs). Esses últimos só possuem as melhores categorias: Ejecutivo (Bs112 até Uyuni ou Bs261 até Villazón) e Salón (Bs56 até Uyuni ou Bs119 até Villazón).



Vocês conseguem imaginar em quais destes nós viajamos? Claro!!! No popularzão!!! Ao estilo mochileiro!!! rs O problema dessa história é que quem se deu meio mal foram os meus pais, afinal, esses aí nem pinta de mochileiros eles têm... rs



















Mas assim seguimos, todos embarcando na aventura que seria. Pegamos nossa bagagem e subimos no trem.






E qual a primeira surpresa? Os bancos, apesar de acolchoados, não eram para duas pessoas como estamos acostumados. Eram para três!!! Só que o espaço disponível em cada banco era para dois!!! Complicado demais? Deixa eu explicar melhor: eram três pessoas num espaço que habitualmente ocupam duas pessoas!!! Ahahahahhaa!!! Tá, tudo bem, era um pouquinho maior do que um espaço para duas pessoas, talvez para duas e mais ¼ de outra, quem sabe, mas para 3 não eram mesmo!!! rs Que os bolivianos eram, em média, um pouco mais baixos que os brasileiros tudo bem, disso já sabíamos, mas que eram magrelos para caberem ali, ah, isso era novidade! rs


Sentamos nos nossos lugares preparados para as próximas 7 horas de viagem. E vale lembrar: obviamente, os bancos não inclinavam!

As primeiras 2 horas de viagem foram tranqüilas. A vista era linda, dando para ver o Lago Uru Uru, que agora está quase seco. O trem não estava cheio, havia muitos lugares disponíveis e deu até para deitar num deles e tirar um cochilo.



A situação esquentou mesmo, foi quando chegamos em Challapata, cidade no meio do caminho. Ah, aí começou o martírio! E mais uma vez garanto a você que ficou triste por não ter conseguido pegar o trem da morte: não fique triste, você terá diversas outras oportunidades dentro da Bolívia! Aqui está outra delas! rs Além do trem da morte, o próprio, e do ônibus que nos levou de Mairana a Cochabamba, aqui está outra versão do trem da morte para você que ainda não teve o prazer de viajar nessa gostosura. rs


Foi só o trem parar em Challapata, que a comitiva de frente entrou: gente para todo lado com trouxas enormes e molhadas, que deixavam marcas em nossas roupas! 


A gente tentava empurrar as trouxas da nossa cabeça, mas não havia espaço. Parecia que a cada 5 segundos entravam 50 pessoas em cada vagão. E elas não paravam de subir!!! Gente, tinha chola com panela, cholo com 5 malas, bebês, crianças, era uma festa!


Minha calça levou logo um banho de um líquido não identificado que caiu da trouxa de uma chola. A panela que a gente presume até hoje que seja de pollo ficou confortavelmente alocada embaixo do assento da Monique. rs A minha mãe só dizia “Santa Maria!”.


Eu, que tive que ficar no banco com dois desconhecidos e estava na ponta, usei toda a minha delicadeza para não ser jogada para fora do assento! rs Não dava para esticar as pernas para a frente porque elas batiam na perna da Monique ou na panela do frango e não dava para esticar para os lados porque tinha uma trouxona no corredor. O jeito era aguentar o formigamento das pernas e, de vez em quando, ficar em pé, ali mesmo, em frente ao meu assento.


Não preciso nem falar do cheiro, né? Esse aí, por tudo que a gente conta, já é um velho conhecido de vocês!!! Ahahahahaaa!!!

E foi dessa forma que continuamos as 5 horas de viagem que faltavam: inutilmente tentando dormir.

Chegamos em Uyuni por volta das 2 e meia da madrugada, depois de muita dor nas costas e de muitas risadas. Talvez ter ido de ônibus teria sido mais confortável. Mas nunca conheceríamos o trem e nunca saberíamos a verdadeira sensação de estar nele! rs E certamente não poderíamos estar aqui contando essa aventura para vocês!

LA PAZ E ORURO - BOLÍVIA (DIAS 77, 78 E 79)

Em La Paz, a maior parte dos indígenas é da etnia Ayamará. E foi lá que pudemos ver o maior número de cholas, mulheres indígenas que usam roupas tradicionais. Haviam cholas chiques, cheia de panos brilhantes e cartola alinhada, como as que entravam e saíam do Palácio do governo. Havia as medianas, com os panos bem coloridos e os filhos na trouxa, e as mais descontraídas, como a que me agarrou no Chacaltaya! rsrs Jovem, adulta, senhora!É uma festa de chola!!! Uma gama delas para apreciarmos a cultura indígena local!



 


Chegamos a presenciar a habilidade de uma para pendurar o “cholinho” nas costas numa braçada só! Mulherzinha forte é a chola! rs




Depois de aproveitarmos bastante a vida paceña, nosso próximo destino seria Oruro. Tomamos o ônibus às 9h em La Paz. A passagem custou Bs20 para cada um. A viagem foi tranqüila e chegamos na cidade no horário previsto, às 12:30h.


E já chegamos na correria. Nossa intenção era pegar o trem das 15:30h que vai para Uyuni. Até tínhamos a opção de ir de ônibus de La Paz, mas viajar de trem é sempre diferente, tem um gostinho especial. Pegamos um táxi de onde o ônibus nos deixou e fomos direto para a estação de trem. E chegando lá tivemos a infeliz surpresa de não encontrar passagem para aquele dia.

Só haveria passagem para o dia seguinte, às 19h e no trem popular. Quem não quiser ir de trem, ou não encontrar passagem como a gente, tem a opção de ir de ônibus até Uyuni. Nós preferimos esperar mais um dia, dormir na cidade e pegar o trem. Garantimos nossas passagens e fomos buscar hotel.

Na verdade, Nina e eu ficamos sentadinhas na lanchonete em frente a estação, onde almoçamos, enquanto a Rachel e o Ronald foram procurar. Eles vieram com a seguinte notícia: “encontramos um aqui perto, a duas quadras. Custa Bs50 para cada, com banheiro dentro. Só que tem um leve cheiro de remédio de barata, tudo bem?” Nós duas concordamos. Os outros hotéis próximos à estação estavam todos ocupados. Um cheirinho de veneno não ia ser problema para uma noite.

Fomos para lá e descobrimos muito mais que um cheirinho de veneno para baratas. Se a Nina não gostava de andar para conhecer a cidade, ela havia encontrado o maior incentivo para passear. rs 


Gente, sério, estava difícil ficar lá dentro!!! rs Era um fedor de cocô, de esgoto, com o ar abafado... que como diz a Nina:“Santa Maria”!!!! hauhauhauha O mal é que não tínhamos escapatória! Todos os outros hotéis estavam ocupados. E os que não estavam, eram muito caros. Como era uma noite só, encaramos a base de muito desodorante aerosol do Ronald. hahaha


 Não perdemos tempo para sair e conhecer a cidade. rs

Oruro é uma cidade do século XVII, que foi fundada e permaneceu, por dois séculos, impulsionada pela mineração e exploração da prata, assim como Potosí. Hoje é uma cidade grande, com 170 mil habitantes aproximadamente, mas não muito desenvolvida, sendo conhecida por seu tradicional carnaval.

 

















A grande maioria dos seus habitantes são indígenas ou descendentes deles. O que não é difícil de notar, a cada esquina pela qual se passa.




Não é uma cidade com muitos atrativos turísticos fora dessa época. Existem algumas igrejas e museus que retratam seu valor histórico.


Conhecemos suas praças principais, que na minha opinião, pelo o que a gente viu, parecem ser a parte mais bonita da cidade. É onde todas as cholas senhoras vão passear e fazer fofoca. rs Onde as mães levam seus filhos para brincar, os cholos ficam lá nos banquinhos, talvez esperando por uma chola especial. rsrs Ou seja, um ambiente bem agradável.



 





































Oruro tem cinemas. Essa é uma boa opção para quem vai esperar o trem do dia seguinte.

Para quem quer fazer compras, existe uma feira de rua, bem extensa e variada, tendo até televisores de plasma daqueles de 300000 polegadas como mercadoria. rs Tem coisa que só se vê na Bolívia! E tem um mercado antigo, que eles chamam de “mercado de arriba”, que vende um monte de coisas. Até câmeras fotográficas num preço muito bom.



O ponto turístico de Oruro é uma estátua do Cristo Redentor, que na subida há a representação da via sacra. A cidade está a 3707m de altitude, sendo mais alta que La Paz. Então, não é nada simples subir os, no máximo, 300 metros até a estátua. rs






Foi chegando lá em cima que pudemos presenciar um ritual indígena. Eram muitas cholas e cholos com roupas iguais fazendo fumaça e bebendo alguma coisa. Todos bem coloridos e pareciam felizes.  




De Oruro também se pode fazer passeios para o Parque Nacional Sajama, onde se encontra a maior montanha da Bolívia, com 6542m de altitude. Lá existem águas termais e gêiseres para aproveitar. E pode-se fazer passeio ao Salar de Coipasa, o segundo maior da América do Sul.

Depois de passearmos bastante, nos vimos obrigados a ir para casa. rs Compramos mais um desodorante daqueles masculinos que empesteiam todo o ambiente e fomos. O Ronald fez uso da máscara estilosa dele e nós três tapamos o rosto e nos concentramos no cheiro do desodorante para dormir! hauhaua


Na próxima postagem você vai conhecer o trem Oruro-Uyuni. Se você ainda não conheceu o trem da morte, prepare-se! hauahuha